Entrevistamos Judith Corachán, campeã espanhola de triatlo no EPIC Triathlon
O triatleta de elite e referência em média e longa distância, Judith Corachán, conta-nos como foi o seu 2024 depois da maternidade, ano em que conseguiu conquistar o título de campeã espanhola de longa distância.
Com um tom próximo e honesto, Corachán partilha as suas experiências, motivações e as dificuldades que enfrenta no seu dia a dia, destacando a importância de encontrar um equilíbrio entre todas as suas responsabilidades: mãe, atleta profissional e treinadora.
Como foi a preparação para o Campeonato Espanhol de EPIC Triathlon?
"DDurante as formações anteriores tive que ter clareza sobre onde estava, pois a minha vida e a gestão do tempo não eram as mesmas de antes da maternidade.
Desta vez, além da parte esportiva, também treinei a paciência e foquei em ter prioridades claras e administrar meu tempo, tendo consciência da minha situação atual.
Tem dias mais difíceis, mas o importante é eu saber que QUERO. Essa paixão pelo esporte é o que me mantém lá, apesar de todas as mudanças que advêm de ter uma família.
Chegar ao Campeonato Espanhol de Longa Distância e vencê-lo realmente me fez sentir muito recompensado. É uma grande motivação e um empurrão perceber que sim, quero continuar, e que esse sabor da vitória vale muito.".
Como foi o teste?
"Para ser sincero, foi difícil, mas ao mesmo tempo muito gratificante. Eu sabia que ia sair na frente na natação, queria controlar o ciclismo para chegar primeiro ao T2, controlando os ritmos. Deu-me confiança para manter a liderança e consegui lidar bem com a corrida e a maratona.
Tive vários momentos críticos. O segmento de ciclismo é duro na passagem, que é passada três vezes, e na maratona tive cólicas e quase desmaiei. Mas consegui continuar na corrida e defender a primeira posição".
Que pontos você destacaria sobre o EPIC Triathlon?
"O legal é que tem muitos pontos a seu favor, como o cuidado com o corredor, uma prova fechada ao trânsito no trecho de ciclismo, um bom asfalto e uma pós chegada sem igual... A corrida não termina aí, já que há uma parte final para desfrutar".
Como você vê o nível da Espanha na categoria feminina?
"Acho que tem um nível muito bom, tem vários veteranos... embora ainda não me acostumei a ser chamado assim (risos). Ainda estamos lá, lutando para competir uns com os outros.
Sem ir mais longe, o triatleta olímpico Ainhoa Murúa retomou a competição, ao mesmo tempo que surgem jovens que fazem frente à média e longa distância.
Antes era difícil encontrar cinco cadastrados à distância e agora são cada vez mais, e as diferenças são mínimas. Há um alto nível de competição e acho que isso é algo positivo para todos.".
Quais são seus objetivos para 2025?
"Ainda não tenho isso muito claro, a minha prioridade é a minha filha e ainda tenho dificuldade em canalizar a vertente desportiva, agora deixo mais em segundo plano. No entanto, tenho consciência de que tenho que começar a pensar nas metas para o ano desde já.
A minha ideia é sempre continuar a gostar do que gosto, a competir e a ter consciência do meu nível, já que não posso dedicar tanto tempo aos treinos ou ao descanso e cuidar de outros aspectos que contam muito. Talvez competir mais a nível nacional, sobretudo pela proximidade.
Eu gostaria de estar no ÉPICO, é uma corrida que não quero perder, embora não saiba se é de média ou longa distância, e então o DESAFIO Salou no seu 10º aniversário, além de Zarautz.
O que tenho certeza é que meu objetivo é continuar competindo e me divertindo. Repito isso para mim mesmo todos os dias para continuar treinando com entusiasmo".
Como você concilia a maternidade com a vida profissional e que conselho você daria?
"De minha parte, tento viver o momento. Se conseguir treinar bem, perfeito, mas se não, amanhã será outro dia. O importante é encontrar essa adaptação e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Mesmo assim quero continuar lutando pela minha carreira esportiva, que no meu caso é a minha paixão.
Em relação aos conselhos… mais do que aos conselhos, diria que o melhor é encorajarmo-nos uns aos outros. Sempre penso que, se você quiser, você pode, mas obviamente sabemos que é um caminho cheio de obstáculos, com dias melhores e piores...
É difícil todos os dias, combinar tudo é um constante empurrão e puxão, mas o que tenho em mente é que quero continuar competindo e é isso que me mantém lá todos os dias, apesar do cansaço. eu sei que vale a pena".
Inspiração
Pára Judith Corachán, a competição não é apenas uma profissão, mas um meio de inspirar outras pessoas e ser um exemplo para sua filha. “Quero que minha filha cresça vendo que a mãe luta pelo que ama, que o esporte pode ser difícil, mas também é muito gratificante.".
Olhando para o futuro
Quando questionado sobre seus planos futuros, Judith Corachán é claro: “Quero continuar competindo. Posso não conseguir fazer isso no mesmo nível de antes, mas o triatlo faz parte de quem eu sou. Ainda tenho objetivos, embora agora também os adapte à minha nova vida".
Para Judith, o mais importante é manter-se ativa e continuar a inspirar outras pessoas, especialmente a sua filha, que se tornou a sua maior fonte de motivação. “Ver o sorriso da minha filha ao me ver competir não tem preço.“Ele afirma emocionado.
Além disso, refere que gostaria de se envolver mais em projetos comunitários que promovam o desporto em crianças e jovens, e que sonha organizar eventos locais onde possa partilhar a sua experiência. “Há muitas maneiras de desfrutar do triatlo e quero explorar todas elas“ele comenta.
Judith está também a considerar a possibilidade de dedicar mais tempo à sua função de treinadora, desenvolvendo programas de treino adaptados às necessidades das mães que pretendem manter-se ativas e participar em eventos desportivos.
Antes de terminar a entrevista, Judith não quer deixar de lado sua gratidão à família.Seu apoio é essencial“Judith enfatiza, destacando como o companheiro e a família são peças-chave para que ela continue na competição. “Sem eles, seria impossível. Eu não poderia lidar com todas as minhas responsabilidades sem a sua ajuda.".
Judith Corachán Ele acumulou um recorde impressionante ao longo de sua carreira esportiva.
Entre suas maiores conquistas estão o título vice-campeão mundial de triatlo de longa distância em Pontevedra em 2019. Outros títulos notáveis foram a sua primeira posição em embrunman na França, bem como vitórias em eventos de grande prestígio na Espanha, como Desafie Salou, Desafio Peguera ou Triatlo Zarautz
O último título que a triatleta conquistou após a recente maternidade foi em 2024, com o Campeonato Espanhol LD no Triatlo épico
É sem dúvida uma das melhores triatletas de média e longa distância do cenário nacional.
Com esta entrevista, Judith CorachánAlém de ser uma fonte de inspiração, mostra-nos mais uma vez que o triatlo é muito mais que um desporto: é uma filosofia de vida que, com o apoio e a determinação certos, nos fortalece e nos ajuda a atingir os nossos objetivos.
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